quinta-feira, 22 de julho de 2010

O Home Duplicado - Saramago

SARAMAGO. José. O Homem Duplicado. Companhia das Letras. São Paulo, 2002.


Personagens:

Tertuliano Máximo Afonso (Professor de História)
Antonio Claro. (Daniel Santa-Clara)
Maria da Paz
Helena
Carolina Máximo Afonso. (Mãe)
Professor de Matemática
Diretor do Colégio.


A forma singular com que Saramago constrói seus romances manifesta-se não somente no aspecto visual de uma escrita “ausente” de demarcações diferindo dos demais escritores, mas sobretudo, pela majestosa maneira como enreda suas histórias, dotando seus personagens de significativos traços psicológicos, que para o senso comum, beira a loucura, embora faça parte da ambiência da obra do escritor. Assim é em A caverna, Ensaio Sobre a Cegueira, Jangada de Pedra, onde os personagens se vêem em torno de uma trama aparentemente absurda, mas que no fundo desnuda a natureza humana ante a face absurda do acontecimento, colocando em xeque seu humano (paixões, virtudes, tristezas, alegrias, amor)
Em O Homem Duplicado toda a trama toma ares de uma ficção cientifica tipicamente hollyoodiana, quando um homem descobre a partir de uma “casualidade” que existe alguém igual a ele, um sósia, um duplicado. O então pacato professor de História, Tertuliano Máximo Afonso descobre que o ator secundário, coadjuvante, Daniel Santa-Clara, que na verdade se chamava Antonio Claro, é sua cópia perfeita. Por mera curiosidade e um desejo insofismável, o professor acaba entrando em contato com o seu sósia (embora advertido pelo senso comum de que não era uma boa idéia) causando profundo transtorno na mulher deste e posteriormente encontrando-se com o mesmo, em que cessada a curiosidade, acordam em não mais se encontrarem, já que puderam viver até aqui ignorando um ao outro por trinta e oito anos, poderiam viver o restante de suas vidas. Tertuliano que até então estava vivendo semanas tensas por conta dessa “descoberta”. Alivia-se do transtorno que vinha lhe consumindo e acaba por tomar outros ares em sua vida como: elaborar o projeto solicitado pelo diretor de sua escola para uma nova metodologia no ensino da História; casar-se com Maria da Paz, depois de uma conversa parcialmente franca ou nos termo de Saramago, de meias verdades com a mãe, a qual fez brotar no filho o amor pela moça a muito preterido. Contudo, a história ganha seu clímax, justamente pelo sentimento poder-se-ia dizer, narcisista de Antonio Claro, quando este usando da desculpa de que a súbita noticia de que havia um homem igual ao seu marido, afetou a sua mulher de uma maneira que prejudicou sua vida conjugal, Antonio Claro, expõe seus intentos a Tertuliano, a saber, de que dormiria com sua futura esposa como compensação. Não tendo coragem moral de assumir seu duplo, Tertuliano não vê outra alternativa a não ser resignar-se ante o plano de Antonio Claro. O professor no entanto, valendo-se da máxima da Lei de Talião, Olho por olho, dente por dente, assume o lugar de Antonio, indo dormir com Helena a mulher deste. No outro dia porém, angustiado por não receber noticias, nem de Antonio ou sequer de Maria da Paz, que foram para um sitio distante da cidade, Tertuliano liga para a casa desta ficando informado de que ela havia sofrido um acidente juntamente com o noivo, ocasionando a morte de ambos. Transtornado diante da noticia, com sua identidade sepultada o professor depois de muito lamentar e chorar, recobrando um pouco a razão, liga para sua casa, avisando a mãe de que ele não havia morrido. Claro está que a mãe já estava ciente do seu duplicado. O passo seguinte é contar a Helena, e esta propõe a ele que assuma o lugar de Antonio de fato, já que ambos não tinham para onde ir. No fim, ele recebe uma ligação de um homem com mesma voz que a sua, garantindo ser uma pessoa idêntica a ele, perguntando-lhe se chamava Daniel Santa-Clara, ao cabo que este, responde prontamente que sim, marcando um encontro, sem contudo, esquecer de levar uma arma consigo, ao que parece, para que a historia não se repita.



Irecê, Segunda-feira, 05 de Maio de 2008. 16:00 h

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