quinta-feira, 22 de julho de 2010

Poeminha

Foi procurando tua boa no mar de muitas que me perdi
Hoje me afogo em saliva, feneço em orvalhos ressequidos
Vivo num porto solitário a espera da Nau que me abandonou
Quem sabe não volte para me resgatar dessa absurda existência.
Muitas palavras floridas, muita conversa fantasiada pelo êxtase
Da embriaguês.
Qual insano haveria de dizer que é lúcido?
Minha maior loucura foi querer viver em muitas o que só vivi em ti

Lula Dourado.
29 de junho de 2010

Mãe

Os dias têm passado tranqüilos. Embora sinta falta da minha mãe cuidando da casa. Seu zelo pelo jardim, pelas plantas, era como comungar com a natureza das coisas de uma maneira laboriosa. Seus instintos de mãe faziam-se sentir mesmo nos momentos de pura introspecção. Dava para ouvir através dos olhos, numa sinestesia de sentidos, que mesmo concentrados nas tarefas cotidianas não estavam ali, mas recordando uma filha ausente, perquirindo os vôos promissores de outro filho mais próximo e um futuro há muito esperado mas ainda não realizado de um terceiro. Desejos confundidos com preces, mesmo que solitárias, que guardam sinceridade, sem dogmatismos nem receios de nada. Ainda acordo esperando ouvir a casa, a alegria das plantas, dos cachorros, dos passarinhos, das paredes, dos móveis a dançar de um lado para o outro, dos detalhes tão singelos. Tudo é mágico, é bonito, é sacro. Sim, isso mesmo. A casa toma ares de templo, como os gregos a concebiam. Minha guardiã do templo. Hoje tudo fenece sem a tua presença. Mas não há de tardar o dia em que voltarás como rainha a governar teu reino, modelando e colocando tudo em conformidade com teus caprichos que também são nossos. E voltaremos a sorrir, a fazer festas e convidar os amigos. Todos se sentindo parte da casa, pintando historias que ficarão incrustadas, não nas almas, mas nas paredes da casa, e chegará também esse dia em que elas deixarão de ter apenas ouvidos e criarão bocas e contarão que aqui vivia uma mulher que delas se fez senhora e a todos governou com sabedoria, trabalho e fé de que tudo daria certo, inevitavelmente.
Luiz Mario S. Dourado
07/04/2009 01:46

Lembrete

Há muito não escrevo nada sobre a amizade que nos cerca, sobre o sentimento recíproco, que às vezes adormece ante o cotidiano louco e absurdo que vivemos. O tempo capturado em cada instante, querendo fazer a vida valer a pena, dando sentido intimo a tudo, esse hedonismo que nos cerca. Por vezes porém, e não são poucas, nos resguardamos, na nossa casa, no nosso quarto, lá no escrutínio da alma, e lembramos, com certo saudosismo, (por que recordar é viver) que outras partes de nós estão num outro plano, numa outra realidade a se mensurar e crescer harmoniosamente. E sentimos que, mesmo longe, estas outras partes vão se completando, equitativamente, porque com generosidade, uma empresta a outra o quinhão que conseguiu na lida, na labuta e assim, cada uma segue seu curso, onde invariavelmente (apesar dos descaminhos) aponta para a união a cada etapa destas partes, celebrando mais um ciclo, que para nós, já é uma forma de rejuvenescimento, de passagem de qualquer coisa de mística, divina. É o elixir de juventude que todos procuram e que nós encontramos nos resgates de memória, de tempos, eternamente gravados em nossos corações.

Pequena

Apesar de curinga como você mesma disse, esse tratamento me lembra momentos de uma felicidade fugaz, porém, muito intensa, de uma história curta, mas com direito a todos os caprichos de um relacionamento duradouro, que apesar da sua relutância em admitir, eu insistentemente tomava para mim como um namoro, e ainda sob minha ótica eu o via bonito e sincero. Você nos definiu como duas crianças e num presente que lembra a mais tenra idade da infância, você me disse que eu havia lhe conquistado. Não sabia eu que o coração das mulheres é muito mais simples do que imaginava. Sábio conselho de professor: “para se conquistar as mulheres recorra às ações mais pós-modernas e inovadoras possíveis, mimos, flores e bombons” no meu caso junte-se a isso uma dose de timidez e paciência. Gostaria de falar sobre muitos momentos belos que tivemos, mas o que mais me atrai é como furtivamente entravamos em casa, como que envergonhados, temendo a reprovação ao olhar de terceiros, contudo, saíamos sempre convalescidos pelo deleite inebriante da companhia de um ao outro, envoltos na madrugada fria de uma cidade deserta a escutar os apitos de vigilantes temerosos que ladrões mais espertos assaltassem casas, e nós estávamos ali, indiferentes, saboreando a passos arrastados, caminhando juntos, noite após noite para o nosso ocaso. O poeta certa vez disse que saudade maior é de quem fica, certamente ele deve ter ficado, eu de minha parte que parti, digo que a dor é deveras grande para ambos. Bem, na falta de um apelido carinhoso a que um dia me identifiques na multidão e me torne singular entre os demais, tente lembrar-se de mim como alguém, inseguro, bobo, às vezes “bruxinho” e que gostou/gosta de você de graça e que só se sentia feliz quando “via” você com as mãos, os pés, braços, com a boca, com o frio da noite e o calor da pele...
Todas as noites quando durmo
Sonho ser alguém que não fui...
É um vicio perigoso.
Acordo sendo eu mesmo
Desconstruído, nauseado
Recomeço tudo de novo
Na manhã, tudo é muito claro
O sol inclemente ofusca
(exceto nos dias nublados)
A vida torna-se mais realista,
Aos poucos, com o cair das sombras
Retomo a quimera
Dos meus desejos contidos
Não há nada que não tenha sido
Farta imaginação...
Outra vez a ressaca...
Sucedem-se dias e noites.
Fantástica poesia dialética.
Jogo de lucidez e loucura.
Até quando?...

Lula Dourado 25/7/2009 00:36h

O Home Duplicado - Saramago

SARAMAGO. José. O Homem Duplicado. Companhia das Letras. São Paulo, 2002.


Personagens:

Tertuliano Máximo Afonso (Professor de História)
Antonio Claro. (Daniel Santa-Clara)
Maria da Paz
Helena
Carolina Máximo Afonso. (Mãe)
Professor de Matemática
Diretor do Colégio.


A forma singular com que Saramago constrói seus romances manifesta-se não somente no aspecto visual de uma escrita “ausente” de demarcações diferindo dos demais escritores, mas sobretudo, pela majestosa maneira como enreda suas histórias, dotando seus personagens de significativos traços psicológicos, que para o senso comum, beira a loucura, embora faça parte da ambiência da obra do escritor. Assim é em A caverna, Ensaio Sobre a Cegueira, Jangada de Pedra, onde os personagens se vêem em torno de uma trama aparentemente absurda, mas que no fundo desnuda a natureza humana ante a face absurda do acontecimento, colocando em xeque seu humano (paixões, virtudes, tristezas, alegrias, amor)
Em O Homem Duplicado toda a trama toma ares de uma ficção cientifica tipicamente hollyoodiana, quando um homem descobre a partir de uma “casualidade” que existe alguém igual a ele, um sósia, um duplicado. O então pacato professor de História, Tertuliano Máximo Afonso descobre que o ator secundário, coadjuvante, Daniel Santa-Clara, que na verdade se chamava Antonio Claro, é sua cópia perfeita. Por mera curiosidade e um desejo insofismável, o professor acaba entrando em contato com o seu sósia (embora advertido pelo senso comum de que não era uma boa idéia) causando profundo transtorno na mulher deste e posteriormente encontrando-se com o mesmo, em que cessada a curiosidade, acordam em não mais se encontrarem, já que puderam viver até aqui ignorando um ao outro por trinta e oito anos, poderiam viver o restante de suas vidas. Tertuliano que até então estava vivendo semanas tensas por conta dessa “descoberta”. Alivia-se do transtorno que vinha lhe consumindo e acaba por tomar outros ares em sua vida como: elaborar o projeto solicitado pelo diretor de sua escola para uma nova metodologia no ensino da História; casar-se com Maria da Paz, depois de uma conversa parcialmente franca ou nos termo de Saramago, de meias verdades com a mãe, a qual fez brotar no filho o amor pela moça a muito preterido. Contudo, a história ganha seu clímax, justamente pelo sentimento poder-se-ia dizer, narcisista de Antonio Claro, quando este usando da desculpa de que a súbita noticia de que havia um homem igual ao seu marido, afetou a sua mulher de uma maneira que prejudicou sua vida conjugal, Antonio Claro, expõe seus intentos a Tertuliano, a saber, de que dormiria com sua futura esposa como compensação. Não tendo coragem moral de assumir seu duplo, Tertuliano não vê outra alternativa a não ser resignar-se ante o plano de Antonio Claro. O professor no entanto, valendo-se da máxima da Lei de Talião, Olho por olho, dente por dente, assume o lugar de Antonio, indo dormir com Helena a mulher deste. No outro dia porém, angustiado por não receber noticias, nem de Antonio ou sequer de Maria da Paz, que foram para um sitio distante da cidade, Tertuliano liga para a casa desta ficando informado de que ela havia sofrido um acidente juntamente com o noivo, ocasionando a morte de ambos. Transtornado diante da noticia, com sua identidade sepultada o professor depois de muito lamentar e chorar, recobrando um pouco a razão, liga para sua casa, avisando a mãe de que ele não havia morrido. Claro está que a mãe já estava ciente do seu duplicado. O passo seguinte é contar a Helena, e esta propõe a ele que assuma o lugar de Antonio de fato, já que ambos não tinham para onde ir. No fim, ele recebe uma ligação de um homem com mesma voz que a sua, garantindo ser uma pessoa idêntica a ele, perguntando-lhe se chamava Daniel Santa-Clara, ao cabo que este, responde prontamente que sim, marcando um encontro, sem contudo, esquecer de levar uma arma consigo, ao que parece, para que a historia não se repita.



Irecê, Segunda-feira, 05 de Maio de 2008. 16:00 h

Nostagia Anacronica

Não vivi os anos 60 e 70. Apenas ouço os ruídos de uma época marcada por grandes transformações. Guerra Fria, ditadura militar, tropicalismo, cinema novo, socialismo, guerrilha. Todos esses acontecimentos estão emoldurados nos quadros da História, eu os vejo ao longe, numa época aparentemente distante para mim. Mas confusamente, sinto saudade. Talvez seja pela contradição que vivemos atualmente, pelo niilismo marcadamente presente no individualismo alimentado pela economia de mercado, tônica das políticas de Estado. Falar em socialismo é como encenar uma comédia grega, o tom será sempre do escárnio, ao estilo de Sófocles. Ainda sim, quero ressuscitar o velho douto, o barbudo alemão que dividiu a humanidade, que deu mais ênfase as posições de esquerda, que acreditava numa sociedade da maioria, em uma democracia de direito e não de fachada. Não sei que tipo de mudança está em curso. Não será certamente como ele queria, mas, indubitavelmente, ela virá, de uma maneira ou de outra. É só olhar para os bolsões de miséria que crescem no mundo, principalmente na África. Dos guetos Norte-americanos, das periferias francesas, que recentemente deram seu grito de socorro e de revolta, das favelas dos países ironicamente chamados de emergentes, ou melhor, em desenvolvimento, que assolam a burguesia cansada de violência, e que vão à praia, vestidas de branco, provavelmente de uma grife caríssima, para pedir paz. Como se a paz, fosse uma entidade, que só precisa ser convocada, como se ela não estivesse nos interstícios da marginalização, do descaso, da arrogância e da indiferença dos usurpadores, como se pudéssemos separá-la das mutações de homens e mulheres e por que não, crianças e adolescentes que crescem nas periferias, longe de qualquer relação familiar ou social que conhecemos, alheios as políticas governamentais. Junte-se a tudo isso o desastre ambiental batendo a porta, para fazer coro à orquestra de horror digna de muitos oscars. Não sei o que pensam os que anunciam que o Socialismo acabou, que fazem deboche de revoluções outrora festejadas. Estes, apropriam-se da mídia para passar uma idéia acabada, finda, como um Grande Irmão, fundando os seus ministérios da Guerra, da Paz e, acima de tudo, da Ilusão, ludibriando, atraindo a todos para águas cada vez mais rasas, levando-os para seu ocaso. Estes também se deixaram levar pelo canto das sereias, pois estão não sabem eles que estão no mesmo barco? Ilusão de um sistema deprimente e ultrajante a tudo que se assemelha do humano, a saber, o companheirismo e a coletividade. Diz-se que olhar para o passado é sempre um exercício saudosista, pois, sempre apagamos os momentos ruins da memória. Talvez. Mas certamente o saudosismo que me cerca, reporta para uma época em que se acreditava em mudanças, em ações dos indivíduos por um mundo melhor, mais justo. Sei que tudo isso soa meio romântico e pode até está em descompasso com o mundo em que vivemos, no entanto, quero andar na contramão dos “fatos”, quero ser o que restou da caixa de Pandora, do que acredita numa mudança, quero ser o utópico, o lunático. Tem uma frase conhecida que diz que o sonho é o alimento da alma, pois bem, que o banquete seja servido. Refestelar-me-ei todos os dias, todas as noites. Vou procurar esse ponto de fuga, para onde deve convergir a tela de minha vida.

Acordar

Acorda-se de um sobressalto, inquieto.
Alguma coisa a latejar no fundo
Brandindo sem que nem por que
Não são alusões metafísicas
a lhe atormentarem o juízo
Poder-se-ia pensar, em divagações
sobre estética, moral, política, religião,
qualquer nobre causa digna de vigília, ledo engano.
A dor é física, pungente.
Grunhidos irrompem como avisos.
Morte lenta, serena, gradativa, não menos angustiante.
O definhamento do corpo,
ressequido de seiva, de mel, de pão.
Como pensar a condição do homem
sem qualquer condição de pensamento?
A materialidade sobrepondo-se a idéia
O ter como condição para o ser,
a mínima dignidade humana de existência
Como na oração crista:
“O pão nosso de cada dia nos daí hoje”
Eis o recurso precípuo para a lida, a labuta, para o pensar,
Eis a clemência ordinária de todos os dias e de todas as horas.


Lula Dourado 04/12/2007
Se o poeta é um fingidor prefiro não me mostrar
Resguardo-me do fingir ao contrário
Trancado na minha inércia, contemplando por fora.
Toda a verborragia rasgada, as metáforas, antinomias,
Antítese, metonímias.
Palavras vãs, inúteis, que adquirem algum significado.
Na imaginação de quem quer as vê

Lula Dourado
22/07/2008

Charlie Brown

Calo-me, ante a imagem do menino, doce e melancólico de camisa amarela e bermuda preta, com uma única mecha de cabelo a adornar a cabeça. Vivenciando suas frustrações de todos os dias, seus dramas e angústias. Mas também, calo-me pela alegria da descoberta do viver, da turma querida, da inocência de criança, que tudo intensifica, da cumplicidade do olhar, dos comentários perversos, das barreiras aparentemente intransponíveis, mas que cedem ao menor toque de afeto e carinho, mostrando-se numa primeira intimidade, seus gestos mais singelos e trejeitos reconhecidamente singulares. O que acontece quando duas crianças se conhecem? Brigam constantemente, se engalfinham, mas acabam se rendendo a brincadeira. Regozijo-me por ter feito parte da brincadeira. Obrigado por ter sido a menina sem nome, simplesmente, a ruiva.
Vou conversar com Snoop agora, ele deve estar em algum lugar aqui dentro.



Irecê, 18 de maio de 2008 19:28

Platonismo Virtual

O dia não mais virá
Morreu na vaga de outrora
Era uma manifestação platônica
Do desejo incontido
Anunciando, mesmo que virtualmente,
O encontro feliz e fugaz de duas almas
O dia se perdeu... Não passa de futuro do pretérito.
Viria, aconteceria, beijaria, amaria...
Resta a dor finda, incrustada no peito,
De um tempo que se foi, sem ter vindo.

Lula Dourado 20/02/2008

Pedro Santo

Era a primeira vez que via aquela figura
Tinha um ar triste, vago.
Olhar firme no horizonte, à contemplar a tristeza do mundo.
Toda a sua vida passava-se nos seus olhos,
A cerveja inerte, ao alcance da mão
Como um último lampejo de felicidade.
Olhar marejado, de quem perdeu algo no transcurso do tempo.
Quão melancólico fora aquela perda.
Fiquei a imaginar àquela pretérita vida,
Ante minha existência presente.
Uma angústia premente pelas perdas dos tempos idos.
De tempos que não voltarão, do passado perdido.
Oi tudo bem! Qual o seu nome?
Meu nome é Jéssica
Obrigado!
Fora muito rápido, fugaz
Troca de olhares lascivos e algumas palavras
Tímidas, ante ao olhar de terceiros...
Subtraindo o desejo incomum
Nada mais resta
Uma lembrança feliz,
De uma tarde despretensiosa, alegre.
Com certa morbidez ao final, é verdade.

Lula Dourado 31/08/2008

Coisas da minha terra

É noticia corrente que algumas pessoas do povoado de Belo Campo terão que aturar ou “comer na mão” de determinado grupo que logrou ter chegado ao poder nessa última campanha eleitoral, mais precisamente, para o cargo de vereador. O curioso é que a palavra aturar e a expressão “comer na mão”, implicam uma situação de imposição, um sentido negativo, como se alguém lhe impusesse algo desagradável, a que você não pudesse safar-se, sendo portanto, obrigado a suportar ou aturar como dizem. Colocando isso dentro do plano político surgem duas interpretações que de um lado concorda com o tal dizer, mas não de todo, e outra que gera uma contradição ou mesmo uma sentença às avessas. Explico. Dentro de certos favoritismos políticos, realmente um grupo terá que sair para dar a vez a outro, entenda-se favoritismos como os chamados cargos de confiança, passando para o populacho, emprego mesmo. Que são corriqueiros nas trocas políticas, embora não concorde. Numa câmara de vereadores como são as de America Dourado e Lapão, existem representantes de vários lugarejos. Um vereador somente, não teria a primazia sobre todos os cargos de confiança disponíveis na máquina pública. Ou seja, até mesmo aqueles que estavam do lado do “vencedor”, sairão perdendo. Isso implica raciocinar que, a grande maioria ficaria de fora do jogo das cadeiras ou empregos, então a palavra aturar e a expressão “comer na mão” se aplicam a uns poucos. Então, como ficam os que não são contemplados, aturando também? Mas resta ainda o mandato, o cargo, que dura aí quatro anos. Virá daí o aturar? Bom, embora escolhido por uma parcela, indistintamente governará para todos. E se o referido grupo ainda sim, colocar-se no pedestal de arrogância e dizer-se dono do lugar, impondo e bravejando para todos que terão que atura-los, incorrerão numa contradição. É que dentro do meu pequeno entendimento de política, um vereador se candidata por que se preocupa com o bem estar de todos, viabilizando obras para o lugar a que pretendeu defender e beneficiar. Portanto, quando o grupo fala que teremos que aturar, eu me pergunto se propositalmente ele fará um mandato ruim, forçando-nos realmente a ter que aturar, na acepção mesmo da palavra. Mas se o contrário ocorrer, ou seja, se obras vierem para Belo Campo, não sei se a palavra a ser usada é aturar, mas regozijar-se, esbaldar, maravilhar-se, e por que não, gostar.


Lula Dourado 06/10/2008

Tempo

Tenacidade.

Tudo tende a tornar-se tenebroso
Tantas tentativas tortas,
Tortuosos traços translúcidos,
Tiragem televisiva tosca,
Ter tudo a termo no tempo transcorrido.
Tenras transas...trépidas,
Tungidas de teu tudo tão tacanho.
Teme o tempo que te tranca,
Tens tudo a teu talante
Tormenta terrível...
Tome tento que o tempo não há de tardar,
Tange de ti tamanho torpor,
Traze teu trabalho como a um titã e,
Terás (em)tão teu taco na Terra.

Lula Dourado
08/08/2007

Não escrevas! Não escrevas!

Já te disse, estais à perder teu tempo

Bem sabes como ele é implacável

Amanhã não te martirizes

Quando da passagem das estações

Olhares para trás e não veres nada

O absoluto vazio a ti fazer companhia

Os jogos fantasiosos e perigosos da imaginação

A inventar um mundo que não existiu para ti

E dirão: “Vejam, vejam, lá vai o esquizofrênico”

E tu quererás rir, mas teus fantasmas te reprimirão...

Uma algazarra de demônios insurgirão contra tu.

Segue o conselho dessa já tão madura consciência

E faz teu tempo valer à pena,

Segue teu caminho a passos firmes

E controla os teus demônios

Não os expulse como fez Jesus

De certo que ainda terão alguma serventia.

Lula Dourado 21/09/2008